Um grupo de pesquisadores da Escola de Engenharia de Lorena (EEL) da Universidade de São Paulo (USP) desenvolveu uma tinta látex que, segundo eles, melhora a absorção do som, diminui a propagação da chama e mantém a aderência como as tintas comuns. O material foi o vencedor do 15º Prêmio Abrafati de Ciências em Tintas, realizado pela Associação Brasileira dos Fabricantes de Tintas (Abrafati) em dezembro.
A tecnologia, desenvolvida pela aluna de doutorado Fernanda de Carvalho Oliveira e do estudante de iniciação científica Alessandro Costa Pinto, utiliza de bagaço e palha da cana-de-açúcar como aditivo, além de lignina – uma macromolécula obtida do fracionamento do bagaço e da palha. Os professores Ângelo Capri Neto, Adilson Roberto Gonçalves, Maria da Rosa Capri ajudaram no processo.
Segundo o professor Neto, o objetivo do estudo foi adicionar a biomassa à tinta látex para diminuir a utilização dos derivados do petróleo, que fazem parte da composição química da tinta. “A escolha do bagaço e da palha da cana se justifica pela abundância nas regiões canavieiras e que, hoje, são rejeitos da indústria agrícola e precisam de uma destinação. Além disso, a substituição parcial do petróleo pela fibra natural reduz o custo de produção e o impacto ambiental quando o material for descartado”, explica Neto.
De acordo com o professor, o produto apresentou um aumento significativo de absorção de som (15 decibéis) em relação à tinta sem aditivos (10 decibéis). Porém, o que mais surpreendeu os pesquisadores foi a resistência do produto à chama. “A tinta látex é altamente inflamável. Então, se ocorrer um incêndio em um ambiente pintado com a tinta, a propagação da chama será alta. Percebemos que a palha da cana criou uma barreira, retardando esse efeito”, disse.
Uma das preocupações do estudo foi se a adição da biomassa à tinta poderia influenciar na aderência do produto acabado. “O resultado mostrou que não e, a partir daí, investigamos algumas outras propriedades do produto, tais como alteração da textura, absorção de sons e propagação de chamas após a aplicação do produto”, afirma o professor.
Os pesquisadores não liberaram foto da tinta porque o produto ainda está em fase de patenteamento.
Fonte: do Portal PINIweb
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