A capacidade industrial brasileira no segmento naval tem sido ampliada nos últimos anos especialmente em função das descobertas de reservas de petróleo e gás em alto-mar. Segundo dados do Anuário Estatístico Brasileiro de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis 2012, publicado no fim de julho pela Agência Nacional de Petróleo (ANP), as reservas de óleo tiveram aumento de 5,6%, chegando a 15 bilhões de barris, de 2010 para o ano passado. Com isso, o Brasil subiu da 15ª para a 14ª posição mundial. No mesmo período, as reservas de gás natural cresceram 8,6%, para 459,4 bilhões de m³, elevando o país à 31ª colocação no ranking.
Esse cenário crescente de exploração de águas profundas impulsiona a construção de plataformas de petróleo, navios, embarcações de apoio e equipamentos, o que demanda mão de obra especializada. De acordo com o Sindicato Nacional da Indústria de Construção e Reparação Naval e Offshore (Sinaval), o número de postos de trabalho no segmento de estaleiros mais que triplicou nos últimos seis anos e atualmente o setor emprega 62 mil profissionais, sendo 5% engenheiros navais, mecânicos, elétricos, de produção e de segurança. Apenas o estado do Rio de Janeiro gera aproximadamente 30 mil empregos, ficando o Amazonas em segundo lugar, com 13 mil postos. Nas estimativas do Sinaval, outras 21,5 mil vagas para engenheiros, técnicos e operários serão abertas até 2015 com a implantação de dez novos estaleiros no Brasil.
Os números mostram, portanto, que a desaceleração da economia ainda não atingiu o mercado de construção naval local. E essa vantagem se deve à garantia de recursos de financiamento tornando possível o andamento de 385 obras – entre navios-sonda e petroleiros, além de plataformas de produção – que irão atender encomendas do segmento offshore. Desse total, 236 construções estão sendo desenvolvidas na região Sudeste, 64 no Sul do país, 48 no Nordeste e 37 no Norte, segundo dados do Sinaval.
Mercado de trabalho
Como se vê, o mercado é promissor para engenheiros navais, especialistas responsáveis por projetar, supervisionar, inspecionar, planejar e gerir operações. De acordo com o diretor do Centro de Engenharia Naval e Oceânica (CNaval) do Instituto de Pesquisas Tecnológicas vinculado à Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia do Estado de São Paulo, Carlos Padovezi, o profissional que atua nesse segmento busca especializações na área de hidrodinâmica (estudo de formas e linhas de cascos, movimentos e esforços em ondas, resistências e potências), estruturas (projeto estrutural de cascos de navios e plataformas marítimas), máquinas (sistemas instalados em navios e plataformas) e transporte (logística e custos).
Além de projetos em estaleiros, o desenvolvimento de pesquisas científicas navais é outro campo de trabalho para o engenheiro. No CNaval, são realizados estudos teóricos e experimentais com foco em soluções tecnológicas para propulsão, cascos, manobras e comportamento em ondas.
Há perspectivas de emprego também no setor de transporte fluvial de mercadorias considerando principalmente a tendência de investimento em alternativas mais econômicas e ambientalmente responsáveis do que a logística rodoviária. Na Universidade Federal do Pará, por exemplo, pesquisas em hidrovias ganham destaque nas atividades acadêmicas.
Porém, o mercado que chama mais atenção dos recém-formados é o de exploração de petróleo e gás em alto mar, onde a maior empresa do país, a Petrobras, emprega 257 engenheiros navais nas atividades de planejamento e fiscalização de projetos e obras, serviços de manutenção e operação em navios, embarcações de apoio marítimo e portuário e outras estruturas flutuantes, bem como no planejamento e execução da logística e comercialização de serviços de transporte de petróleo, derivados, gás natural e outros fluidos.
Interação profissional
Engenheiros do setor de tecnologia naval não trabalham sozinhos, mas em conjunto com técnicos e tecnólogos de diversas áreas, como construção e estruturas navais. Há integração ainda com profissionais da geologia e geografia, como explica o doutor em engenharia naval e oceânica Carlos Padovezi: “A interação com geógrafos e geólogos tem se dado principalmente nas atividades relacionadas com exploração de petróleo e gás no mar. Os engenheiros navais contribuem com as soluções para aumento da segurança e otimização da exploração de campos de petróleo no mar, determinados em trabalhos que envolvem geólogos e geógrafos”.
Números
De acordo com estatísticas do Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea), hoje estão inscritos na instituição aproximadamente 3,1 mil engenheiros navais, técnicos em estrutura e máquinas, além de tecnólogos em construção naval. Geógrafos, geólogos e técnicos em geologia somam 15,2 mil.
Onde se qualificar
No Brasil, as seguintes instituições públicas oferecem cursos de graduação e especialização em engenharia naval: Universidade de São Paulo (USP), as federais do Rio de Janeiro (UFRJ), Pará (UFPA), Rio Grande (FURG/RS) e de Pernambuco (UFPE), além da Estadual da Zona Oeste (UEZO/RJ) e a Fundação de Apoio à Escola Técnica (Faetec/RJ). Já o Centro de Educação Tecnológica do Amazonas (Cetam) dispõe de curso técnico naval.
EM:08/08/2012
POR: JULIANNA CURADO
ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO E MARKETING DO CONFEA
Horário: 8h às 14h
Segunda à sexta-feira
Av. dos Holandeses, Quadra 35, Lote 08, Calhau, São Luís - MA
CEP 65071-380
98 2106.8300
98 2106.8303
Atendimento CREA-MA