A Engenharia de Minas celebra em 10 de julho o seu dia, em referência ao nascimento de Pedro Demóstenes Rache, primeiro presidente do Confea. Profissão bastante associada à Geologia, a Engenharia de Minas ainda se ressente de uma melhor estrutura acadêmica em todo o país. Segundo Marco Freire, presidente da Federação das Associações dos Engenheiros de Minas do Brasil (Faemi), apenas nos últimos 10 anos, o número de universidades que dispõem do curso simplesmente duplicou. “Mas ainda está longe do ideal. São apenas 20 cursos”, ressalva. Hoje, são 3.385 profissionais registrados no Sistema Confea/Crea. “Somos um número muito pequeno de profissionais”, diz, citando a maior concentração de engenheiros de minas nos estados da Bahia, Minas Gerais e São Paulo. “O Pará também tem uma grande arrecadação, mas são poucas empresas e muito grandes. Nos outros estados é o inverso”, descreve, informando que são 14 associações ligadas à Faemi.
Formado em 1983, na Universidade Federal da Bahia, Marco conta que, além de haver, então, poucos cursos, a própria atividade de mineração estava muito em baixa. “Naquela época, só havia cursos em Minas (dois), Rio Grande do Sul, São Paulo, Paraíba e Pernambuco”. Por sinal, foi em Minas onde se formou, em 1901, Pedro Rache. Na mesma Universidade de Ouro Preto, 110 anos depois, formava-se Daniel Anchieta, recentemente contratado pelo Confea, para quem “a falta de profissionais graduados acaba gerando um desperdício na mineração”. “Depois do aquecimento da economia, o país precisa apoiar os recursos humanos e os laboratórios dos centros tecnológicos de pesquisa mineral, não só universidade, como os estaduais, como o IPT (SP), o Ceped (BA), o Nutec (CE), Setec (MG), Cetem (RJ)”, destaca Freire.
A definição do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) é de que o engenheiro de minas “extrai e prepara recursos minerais para serem utilizados na indústria”. Marco Freire acrescenta que a essência da profissão é exatamente esta, produzir (extrair e beneficiar) matéria-prima para indústrias que abrangem a engenharia de transformação, como as de fertilizantes, petroquímica, siderurgia, metalurgia e construção civil. “Mas ele faz também a própria pesquisa mineral e a produção. Tanto na área de lavra, como de beneficiamento, acompanhando todo o processo da extração ao beneficiamento do minério”, diz o presidente da Faemi, funcionário do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM). Além desta autarquia federal responsável pela fiscalização das atividades de mineração, o setor mineral é gerido institucionalmente pelo Instituto Brasileiro da Mineração (Ibram), entidade que congrega os empresários do ramo.
Muito além da Serra Pelada
Na época em que Marco dava seus primeiros passos na carreira, talvez muita gente só tivesse ouvido falar em mineração por meio das minas de carvão da Inglaterra ou das empreitadas de garimpos, como o paraense de Serra Pelada ou, é claro, dos áureos tempos das Minas Gerais. “Garimpo sempre existiu. Mas este é um tipo de atividade, em geral, não legalizada, com a qual não temos nenhuma relação, embora estes dois profissionais, tanto o engenheiro de minas como o geólogo, possam até regularizar garimpos, mas não são formados para isso”, ressalta Marco Freire. Ele informa ainda que há um projeto do governo que busca dar assistência técnica para a lavra legal das empresas. Trata-se do Arranjo Produtivo Local de Base Mineral, ligado ao Ministério da Ciência e da Tecnologia. “Ele atuaria para a regularização, dando apoio de assistência técnica”, esclarece.
Por sinal, o profissional de Engenharia de Minas também se distancia do perfil das antigas minerações no que se refere ao impacto ambiental. “O profissional de Engenharia de Minas e o geólogo, na faculdade, estudam disciplinas de meio ambiente, questões de viabilidade econômica e outras que ajudam a cuidar dos aspectos de abertura de empresas. Estamos orientados para a sustentabilidade, de uma forma multidisciplinar. Mesmo assim, a mineração tem sido muito acusada de ser depredadora. Isto não é verdade, ela é uma atividade muito localizada, que usa pouca quantidade de terra, enquanto uma atividade agrícola trabalha com áreas de grande extensão. Hoje em dia, existem departamentos nas empresas de mineração que trabalham com revegetação, planos de recuperação ambiental e outras atividades de sustentabilidade. Agora, é claro que é uma atividade que gera resíduos, como todas as atividades produtivas. Temos que conciliar isso, o que tem sido nosso interesse”.
Expectativas
Vislumbrar o incremento, em quantidade e qualidade, da formação em Engenharia de Minas, de modo a que esta acompanhe o crescimento dos investimentos do setor, é apenas uma das expectativas do presidente da Faemi. “Estamos aguardando com ansiedade que o governo envie para o congresso o marco regulatório da mineração, um arcabouço jurídico com que o governo vai propor o novo Código de Mineração do país. Fomos ouvidos, mas gostaríamos que tivesse sido um processo mais amplo”, relata. Outro objetivo é criar mais entidades estaduais, “sobretudo no Norte e Nordeste”.
Uma forma de levar estas expectativas adiante é a participação ativa na Câmara de Geologia e Engenharia de Minas do Sistema Confea/Crea e ainda de seu Colégio de Entidades Nacionais (Cden). “Participamos da discussão da matriz do conhecimento sobre Geominas que está em curso, está sendo aprimorada, e assim vai regulamentar ainda melhor a profissão. O setor mineral sempre foi e continua sendo estratégico em relação à geração de empregos e balança de pagamentos. Com a produção de minérios de ferro, manganês, nióbio, o Brasil é um grande exportador de matéria-prima. Mas temos a carência de geólogos e engenheiros de minas. Por isso a necessidade de investir mais na formação. Há 15 anos, o setor não estava tão em alta como hoje. Nos últimos dois governos, houve um investimento muito forte, acompanhando a demanda da economia por matéria-prima. Com as indústrias crescendo, aumenta a nossa produção. O setor está tão aquecido que tem dificuldade de ter profissionais para atender à demanda”.
Programação
Para celebrar o Dia da Engenharia de Minas, a Federação das Associações dos Engenheiros de Minas do Brasil (Faemi) promoverá, no campus da Pampulha da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), entre os dias 10 e 12 de julho, a sétima edição dos congressos brasileiros de Mina Subterrânea e de Mina a Céu Aberto. Dia 11, ocorre o VIII Encontro Nacional de Engenheiros de Minas (EngMinas), evento que contará com a palestra do diretor-presidente do Ibram, eng. de minas José Fernando Coura, sobre o tema “A mineração atual do Brasil – desafios e perspectivas”.
EM: 10/07/2012
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